segunda-feira, 10 de outubro de 2011

REPORTAGEM: Dia do deficiente físico, algo a comemorar?

Nesta terça-feira, 11 e outubro, é dia do deficiente físico. Em Imperatriz, eles
falam das dificuldades e dos avanços encontrados

Rotina de "Zé Luís" para concluir o ensino superior (Foto: Rosany Ribeiro)
Pessoas com deficiência física enfrentam, diariamente, grandes dificuldades em
Imperatriz. A principal delas é a locomoção. Outra insegurança é quanto à
inclusão social e no mercado de trabalho, que tem sido uma das principais
tarefas de associações que assistem pessoas com algum tipo de deficiência.
Pessoas que mesmo diante tantas barreiras, vêm mostrando que são capazes de ter
uma vida normal.

José Luiz da Silva é deficiente físico, anda numa cadeira de rodas e está
concluindo o curso de Comunicação Social – Jornalismo na Universidade Federal do
Maranhão (UFMA) de Imperatriz. Zé Luiz, como é chamado pelos colegas de curso,
tem uma interessante história de superação. Com um ano e meio de idade teve
paralisia infantil e, desde então, contou com a ajuda dos familiares e amigos
para estudar, brincar e ter uma vida social. Depois que entrou na faculdade, sua
rotina mudou completamente, mas nunca desistiu ou trancou o curso. “Meu grande
objetivo é me formar”, diz ele com propriedade.

Uma das dificuldades é a locomoção de ida e volta de casa para a UFMA. Ele mora
no Assentamento Califórnia, que fica a 14km da cidade de Açailândia. Para
estudar, Zé Luiz pega, se segunda a sexta, um táxi lotação até a rodoviária de
Açailândia; de lá pega ônibus até a rodoviária de Imperatriz e, então, vai de
coletivo até a faculdade. Ao todo essa viagem demora 2h30min.

Zé Luiz já passou por várias situações de constrangimento. Certa vez chegou a
cair dentro do ônibus. “Os ônibus de Imperatriz não são preparados para atender
o cadeirante. Somente duas empresas na cidade têm ônibus adaptados e os
equipamentos, pelo menos nas vezes em que utilizei, não funcionavam”, desabafa.
Para ele esse é um dos principais motivos das pessoas com deficiência física não
saírem de casa e ficarem isoladas.

O Decreto Federal 5.296/04, diz que “A infra-estrutura de transporte coletivo a
ser implantada deverá ser acessível e estar disponível para ser operada de forma
a garantir o seu uso por pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida”. O decreto também afirma que: “Os responsáveis pelos terminais,
estações, pontos de parada e os veículos, no âmbito de suas competências,
assegurarão espaços para atendimento, assentos preferenciais e meios de acesso
devidamente sinalizados para o uso das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida”.

Carlos Eduardo Nascimento, que também é estudante da UFMA, concorda que
Imperatriz ainda precisa melhorar, mas afirma que a cidade mudou bastante. “Hoje
em dia, ao se construir um shopping ou supermercado na cidade, por exemplo, já
se pensa na acessibilidade. A maioria tem rampas, elevador próprio e banheiros
adaptados”. Carlos pretende concluir o ensino superior, mas teme que o mercado
não dê oportunidades para o exercício da sua profissão.

O estudante de Pedagogia da UFMA, João Faustino, realiza pesquisa sobre o
assunto. “A inclusão do deficiente físico no âmbito escolar representa não
somente a colocação do indivíduo em salas de aula, mas sim uma mudança de
conceitos, programas, política e apoio oferecido aos deficientes”, afirma. As
adaptações no ambiente físico da escola devem ser feitas para que o deficiente
físico seja acolhido e encorajado a ser autônomo. Ao adquirir certa maturidade
educacional o deficiente, de acordo com a Conferência Internacional do Trabalho,
está possibilitado à inclusão no mercado de trabalho.


Deficiente físico necessita de ajuda para
utilizar transporte público em Imperatriz
O que comemorar?
Para o vice-presidente do Centro de Assistência Profissionalizante ao Amputado e
Deficiente Físico de Imperatriz (CENAPA), Marcos André Alves, pouco se tem para
comemorar em Imperatriz no dia do deficiente físico. “Na cidade o apoio ao
deficiente existe de forma muito tímida. Temos grandes dificuldades de
locomoção, pois as calçadas são desiguais e as autoridades parecem não olhar
para nós”, coloca.

Para Marco, uma das poucas conquistas é o espaço do deficiente nos evento
culturais. Outro motivo de comemoração é o time de basquete formado por
cadeirantes. A instituição vem se destacando no esporte e agora se prepara para
disputar o torneio Regional Nordeste de cadeira de rodas, em Recife.

O CENAPA, fundado no ano de 1999, é uma organização não governamental que
promove a reintegração do deficiente físico e/ou amputado à vida social,
proporcionando uma melhor qualidade de vida aos membros da instituição que
possui 215 associados e, desde a sua fundação, vem trabalhando na integração de
alguns membros no mercado de trabalho, construções de rampas, esportes, lazer e
cultura.

No mundo, 600 milhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência. Na América
Latina, este número ultrapassa 85 milhões de pessoas, sendo que, segundo dados
do Banco Mundial 82,5% desta população vivem abaixo da linha da pobreza. Já o
Brasil, de acordo com o ultimo Censo, possui 24,6 milhões de pessoas com alguma
deficiência e no Maranhão esse número chega a mais de 900 mil, correspondendo a
16,13% da população.


Douglas Aguiar
Leonardo Barros
Rozany Ribeiro
ASCOM/ UFMA Imperatriz

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